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O cego que cantava

quarta-feira, maio 01, 2013

Eu não sabia que a vida
Era cheia de ilusões
Hoje sei porque um dia
Parei para prestar atenção
Fiquei sabendo a verdade
Olhando a dificuldade
De um cego e um ancião
 
O cego me disse: "Amigo!"
Pare um pouco para pensar
Que a visão é uma riqueza
E nunca se pode negar
Isso eu falo com certeza
Porque a minha maior tristeza
É não poder enxergar
 
O ancião me falou
Baseado na verdade
Procure viver sorrindo
Sem luxo e sem vaidade
Veja que eu vivo triste
Porque entre tudo que existe

Me falta a saúde e a tranquilidade
 
Depois daquela conversa
Esqueci as ilusões
E guardei os bons conselhos
Na minha imaginação
Não consigo tirar da mente
Quanta tristeza que sente
O cego e ancião.
 
Diante da natureza
De infinita bondade
Se ver que à humanidade
A vida causa surpresa
Tem a fase da tristeza
Sem nenhuma solução
Pois a vida é uma ilusão
No final não tem saída
E não sente prazer na vida
Quem é cego ou ancião.
 
A cegueira e a idade
Trazem angústias iguais
O cego sente demais
A falta de liberdade
O ancião tem saudade
Da sua vida em ação
Vivendo na solidão
 

Toda vontade é perdida
Não sente prazer na vida
Quem é cego ou ancião.


Eu vi um cego cantando
Fazendo versos na praça
Para mim a maior desgraça
Foi ver o povo zombando
Ele sempre improvisando
Fazendo verso na hora
Carregava uma gaiola
E não era para se mostrar
Mas dentro dela se ouvia
Gorjeando um sabiá.



Dr. Francisco Suassuna Virgolino
Médico Obstetra e Cirurgião Geral
CRM: 19.528

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