Isso daria um livro?,
simplesmente eu
Se meus filhos não são bem vindos, eu também não sou
sexta-feira, fevereiro 15, 2013
Eu sou o que sou, não o que os outros querem que eu seja. Já fiz isso e nada ganhei.
Sou caseira, adoro ler histórias, pedalar, ir ao cinema, passear no shopping, nadar, passear com os cachorros, jogar UNO, QUEST, Banco Imobiliário e mais um montão de coisas que meus filhos fazem e eu curto de montão.
Houve um tempo em que eu quis me divertir e ser mãe ao mesmo tempo. Sempre estive ao lado dos meus filhos para fazer as tarefas de casa, dar o remédio quando tiveram febre, fiquei junto no hospital quando precisaram operar, participei das festas da escola, os levei em todas as festas de aniversários dos coleguinhas, etc... Fiz tudo (ainda faço) o que uma mãe faz para os filhos... Perdi muitas festas e churrascos pois algumas pessoas avisavam: "Não terá crianças." - Tudo bem. Então pra você que me convida pro xurras, pizzada e diz: "Não vai ter criança tá." - Ok. Respeito seu ponto de vista e quero que vc entenda o meu: "Eu escolhi ter filhos. Eu quis ser mãe e Deus me presenteou com dois filhos maravilhosos. Portanto, onde meus filhos não são bem vindos, eu também não sou."
Confesso que isso me magoou por muitas vezes. Eu escolhi ser mãe e além de tudo, sei os lugares em que posso levar meus filhos ou não. Portanto, se meus filhos não são bem vindos, eu também não sou. Escolhi perder as festas e ficar com eles. Hoje as pessoas falam que eu preciso seguir minha vida, que vou ficar sozinha, que meus filhos irão embora...
Bom, eu sigo minha vida. Eu corro, ando de bicicleta, dou aulas, vou ao cinema... Faço tudo o que eu gosto. Se eu vou ficar sozinha? Eu nasci sozinha e vou morrer sozinha. As companhias que arranjamos aqui são passageiras. Pessoas passam por nossas vidas. Umas vão, outras ficam... Claro que meus filhos irão embora... E sei que eles irão embora, mas não tenho medo. Ficarei ao lado deles o máximo que puder.
Haverão dias em que ficarei sozinha? Sim, e daí? Solidão é pra quem não suporta a própria companhia. Eu adoro minha companhia.
Eu não bebo, não fumo, adoro ler, adoro animais, bordar, costurar, pintar, dançar, cantar no videokê, cuidar do meu jardim... E quando eu ficar velhinha, vou fazer crochê, palavras cruzadas, viajar de excursão, jogar bingo, dançar no baile da melhor idade, compartilhar das dores na coluna, discutir as tendências de implantar ou usar dentadura, bordar, fazer tricô, macramê, cultivar uma horta, contar histórias para os meus netos, viajar para Caldas Novas todo ano para aquecer os ossos. Vou aprender jogar baralho.
Tenho saudades de algumas pessoas... Sumi sim, me afastei... Sumi porque precisei acompanhar o ciclo da vida. Precisei ser exemplo de pessoa e valores para os meus filhos. Precisei buscar minha realização profissional. Mudei alguns conceitos... Não trato com prioridade quem me tratava como opção. Chega uma fase da vida da gente em que percebemos o que realmente vale à pena. Eu cheguei nesta fase...
E fico muito feliz por saber que há pessoas que pensam como eu. Essa história de não poder levar as crianças me chateia muito. Se é algo muito fora do normal que eu não possa levar, ou eles não vão curtir, tudo bem.
Mas do contrário, eu levo sim. E se não puder, não vou. Aos que acham que estou perdendo meu tempo, já que filhos crescem e vão embora, eu discordo.
Eu acho que estou ganhando, pois eu estou criando cidadãos para o futuro. Ensinando valores, que há muito tempo se perderam.
Eu ensino a respeitar as diferenças, os idosos, os animais, a natureza, a pedir por favor, a jogar o lixo no lixo certo e retirar sua bandeja da mesa depois de comer no shopping.
Ensino também que por mais amigos que tenhamos, irmãos são pra vida toda. O que vou fazer quando cada um tiver sua vida? Acredito que farei parte da vida deles. Se o destino assim me permitir. Mas o futuro a Deus pertence. Talvez eu faça tudo que descrevi acima e ainda um trabalho voluntário ou quem sabe até Ioga?
Mas feliz com a sensação de dever cumprido e certa de que fiz o melhor para desempenhar meu papel de mãe.
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