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Mamãe surda perde seu filho

terça-feira, novembro 19, 2013

Hoje eu estava me preparando dividir com vocês a pior experiência da minha vida.

Ontem teve sessão da Câmara Municipal daqui de Mogi Mirim e cheguei em casa quase meia-noite. Tivemos extraordinária.

A caminho de casa, um amigo surdo me envia um torpedo dizendo que um amigo dele, que mora em uma cidade vizinha da minha, havia falecido, se eu poderia ajudar.

Como a cidade é pertinho, fui até lá.

Um rapaz novo, de apenas 23 anos teve enfarto fulminante. Filho único, a mãe viúva e surda. #PQP# $%@&@*¨@%##@%@$ e todos os palavrões que eu puder usar aqui.

Ela não conseguia se comunicar para saber que horas iam liberar o corpo do filho, atestado de óbito, etc... Nossa, uma burocracia.

A pior parte foi ir até à funerária. Eu achei que eles funcionassem somente em horário comercial. Mas eles funcionam 24 horas por dia. Afinal, pra morrer não se marca hora né? Nunca tinha pensado nisso.

A funerária é um mercado acreditam? Morrer pode custar de R$250,00 a R$10.000,00.

O plano mais barato tem sepultamento em quadra geral (aquele jazigo simples, de sete palmos abaixo da terra), inclui caixão e sai por R$ 253,25. O plano não dá direito a velório, mas a urna (o caixão com o corpo) fica em exposição durante 30 minutos na capela do próprio cemitério para que os familiares possam se despedir.

Fora que a funerária pergunta se vai dar banho, arrumar o cabelo, qual roupa vai enterrar, etc...

Se você quer uma coroa de flores, velas e mais tempo no velório, você tem que pagar. Tudo você tem que pagar. Eles fazem até nota fiscal, aceitam cartão de crédito, etc... Ah não ser que haja um velório municipal na cidade.

E o lugar onde enterram as pessoas é ALUGADO... Isso mesmo. A pobre mãe vai alugar a "cova" por 5 anos e depois ela tem que transferir os restos mortais para outro. Meu Deus, e aí?

Gente, não tenho palavras para descrever o que eu senti. O filho não era meu, mas eu sou mãe. O desespero da mãe em querer se comunicar...

Bom, ele já se foi... É triste, mas é assim que funciona. Ele se foi e é ruim para quem fica. Mas no final de tudo, ela me pergunta: "Quanto é o seu serviço?" - Eu não esperava ouvir essa pergunta, afinal fui lá de coração. Eu respondi que não era nada, que estava tudo bem, que ela não precisava se preocupar. Acho que não caiu a ficha pra ela ainda. Acho que difícil vai ser daqui pra frente. O dia a dia...

Como vou cobrar de alguém que acabou de perder um filho?

Este acontecimento acabou com meu dia, minha semana. Eu não consigo parar de pensar nesta pobre mulher daqui pra frente. Viúva e perdeu seu único filho.

Que Deus esteja com ela e que meu anjo da guarda cuide de mim... Já chorei demais hoje sendo intérprete dela durante o tempo que seu filho era velado... Familiares que apareciam e contavam alguma lembrança do rapaz. Em apenas uma manhã ela me contou uma vida inteira que foi interrompida aos 23 anos.

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