ACONTECEU NO DIA 30 DE JANEIRO DE 2013 EM PARATY - RJ
Hoje fomos fazer passeio de escuna... O guia da embarcação cantava, falava inglês (bem ruinzinho), espanhol e francês. Deu as instruções de segurança em português e nas demais línguas acima citadas. Detalhe: não havia um estrangeiro na embarcação e 7 passageiros surdos. Logo os marinheiros ficaram desesperados e me ofereci para interpretar.
O guia não gostou muito quando eu aproveitei e divulguei meu trabalho. Eu pedi para interpretar as músicas para os surdos e ele disse que não era necessário, já que eles eram minoria. Tudo bem! Ele é o guia. Mas na hora de pagar a conta tinha R$10,00 de couvert e os surdos vieram falar comigo.
Fui falar com o tal Tiago (guia da embarcação). Ele disse que couvert era couvert. Eu respondi: "Sim, para as pessoas que ouviram a música. Eles são surdos! Não tiveram interpretação em Libras." - Ele: "Senhora, o couvert é opcional." - Eu: "Que ótimo. Assim nem eles, nem eu e nem minhas crianças vamos pagar." - #IGNORÂNCIA. Deixou de ganhar R$100,00. E ele é carioca da gema. Nasceu na cidade onde foi fundada a 1a escola de surdos do Brasil (atual INES) e não sabe o que é Libras...
Até aí tudo bem, mas recusar ajuda com medo de que o brilho da sua estrela irá apagar... Não dá!!!! #Sinalizar é preciso#
ACONTECEU NO DIA 01/02/2013 EM PARATY - RJ
No dia do acontecimento da escuna, pensei em ir à delegacia e fazer BO, mas os surdos não quiseram... Dormi revoltadíssima.
No dia seguinte, às 8h00 fui à agência e relatei o fato desagradável ao gerente. Conversamos por mais de 40 minutos. Ao sair da sala, qual não foi minha surpresa ao encontrar o grupo de surdos. Eles me reconheceram e perguntaram quanto eu cobraria para acompanhá-los no passeio de Jeep e Trindade... O gerente me chamou em particular. Marquei de encontrar o grupo às 11h00 em frente à agência.
Quando fomos pegar o Jeep, adivinhem quem era o motorista? Sim, o senhor Tiago (o mal educado e preconceituoso da van). Foi obrigado a ser o guia durante nosso passeio de Jeep (ontem) e Trindade (hoje). Deve ter levado uma catracada do chefe. Desta vez, não precisou falar os vários idiomas que sabia e nem mostrar seus dotes vocais. Teve que ficar caladinho, falar apenas o necessário e me engolir interpretando. Hoje ele nos recebeu sinalizando: "Bom dia, tudo bem?" - Era outra pessoa.
Muito interessado na cultura surda, fez várias perguntas e se espantou quando falei sobre as leis, etc... Disse que irá aprender!!! #FELIZ# Não me estressei, não fiz BO. Deus esteve comigo e mostrou que o mundo dá voltas. E que numa delas a gente se encontra, às vezes bem antes do que esperamos. Divulguei meu trabalho e passei a lição adiante. #SINALIZAR É PRECISO# #EU AMO LIBRAS#
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