História de hoje...

Esta de blusa verde sou eu e a outra é minha amiga surda Tânia. Tânia nasceu ouvinte e ficou surda devido à uma meningite. Hoje ela está com 27 anos e é Engenheira Civil formada pela UNASP.

Tânia é oralizada (ela fala) e faz leitura labial como ninguém. Sabe inglês, entende muito bem a escrita portuguesa, dirige, viaja sozinha e sabe mexer no computador muito melhor que eu. Quando vou editar os vídeos, é ela quem me socorre.

Tânia toca flauta, piano e dança. Siiiimmm, ela dança. E eu não sei dançar!!! Que vergonha! 

Tânia vai à São Paulo sozinha de ônibus. Viaja de avião sozinha até Uberlândia para encontrar seu namorado que também é surdo.

Adora projetar... Mas infelizmente aqui na nossa região está difícil ela conseguir um emprego.

As pessoas aqui tem grande preconceito e somente contratam surdos para trabalhar na linha de produção e preencher a cota de 5% que o governo exige.

Sendo que as empresas querem somente preencher esta cota e pronto. Ninguém está preocupado:

- em promover cursos de Libras para que o funcionário surdo possa conversar em Libras;
- em saber se o surdo irá entender as instruções durante o curso de segurança da empresa;
- em contratar um intérprete para que o surdo faça sua entrevista em Libras.

Querem simplesmente contratar os surdos para preencher a cota de 5% e usufruir dos benefícios que a empresa recebe por ter cumprido a lei.

E o funcionário surdo? Ah o funcionário surdo tem que agradecer por ter um emprego, tem que aturar os ouvintes ignorantes falando piadinhas que ele não pode ouvir, tem que ficar isolado durante as refeições porque ninguém tem paciência de falar devagar e muito menos sinalizar...