Finalmente chegamos ao final do curso de Libras módulo III oferecido pela Prefeitura Municipal de Mogi Mirim.
Este curso teve muitos contratempos no início, mas eu consegui mostrar meu trabalho.
Sem citar nomes, contarei o que aconteceu.
Recebi uma ligação de um senhor que tinha meu cartão de visitas em mãos, me perguntando se eu dava aulas de Libras. Eu tinha acabado de terminar minha Pós-Graduação e estava esperando uma oportunidade para mostrar meu trabalho. Eu respondi que sim. Combinamos dia e horário para conversar e iniciei o curso.
No primeiro dia, sala cheia com 30 alunos. Claro que eu fiquei um pouco nervosa, pois encontrei alguns colegas da minha turma da Pós-Graduação. Mas foi o primeiro dia, fizemos uma revisão e tudo bem.
No segundo dia, qual não foi minha surpresa ao ter apenas uma aluna na sala de aula. Dei minha aula normal. Vim embora muito chateada. O que será que tinha acontecido para aparecer só uma aluna?
No dia seguinte, liguei para a coordenadora da Educação da Prefeitura, responsável pelo curso e ela me contou o motivo.
Os antigos professores tinham tido um atrito com a prefeitura e deixaram os alunos na mão. Neste dia que eu fui e tinha apenas uma aluna, eles ficaram na esquina esperando os alunos e dizendo que eles dominavam Libras há mais de quinze anos, que eu não sabia nada, e que se os alunos deixassem de fazer o curso com a prefeitura, eles cobrariam R$100,00 (cem reais) para ministrar o curso e emitiriam o certificado de 180 (cento e oitenta) horas para os interessados. É claro que a maioria dos alunos preferiu ir com eles, pois a prefeitura emitiria apenas o certificado de 60 (sessenta) horas.
A coordenadora também me falou que alguns alunos questionaram o fato de eu estudar na mesma turma dé Pós-Graduação que eles, não ser formada ainda e ser porfessora deles. Não aceitaram "ficar por baixo". Justo pessoas que eu confiei tanto, ajudei nos trabalhos da Pós... Mas faz parte. Eu galguei um degrau e eles não.
Valdinéia, Silene, Aline, Toninho, Denise, Nádya, Rosângela e eu. Toninho é surdo e está sempre presente me ajudando a divulgar Libras juntamente com sua esposa.
Valdinéia, Silene, Aline, Toninho, Denise, Nádya, eu e Rosângela. Obrigada pela oportunidade. Obrigada por acreditarem em mim. Vou sentir saudades de todas vocês.
Grandes parceiros: Toninho, sua esposa e eu.
No terceiro dia de curso, mais quatro alunas surgiram. Fiquei com cinco alunas. Nas primeiras aulas estavam me conhecendo, me testando. Mas resolveram me dar uma chance. Ficamos amigas e durante o decorrer do curso fiquei sabendo que os ex professores deixavam estas alunas de lado, por serem de religião diferente à deles. E que havia uma panelinha na classe que favorecia sempre os mais "espertos". Tivemos que fazer uma grande revisão, pois tinha sinais que elas não tinham entendido e se sentiam envergonhadas em perguntar.
Foi aí que meu trabalho começou. As alunas gostaram de mim e fizeram a propaganda boca a boca. Foram sinceras, disseram que ficaram inseguras no início, ainda mais por saber que eu ainda estudava e não era formada. Eu entendo perfeitamente. Mas elas resolveram me dar uma chance. E foi graças a essa chance que eu cresci.
Sobre os antigos professores, as línguas matildes dizem que a prefeitura não quer vê-los nem pintados de ouro. E em outras cidades já me disseram que eles costumam deixar os alunos na mão.
O que é uma pena, pois admirava muito esses professores. Liguei várias vezes para ter aulas práticas com os mesmos, mas nunca consgeui. Não tinham horários. Talvez tenha sido melhor assim.
Fui presenteada ao final do curso pelas alunas. Mas somente Denise (à esquerda) e Rosângela (à direita) estiveram presentes. Ambas trabalham na APAE de Mogi Guaçu e tem alunos surdos. Fico feliz em contribuir, poder passar o pouco que sei a estas profissionais que irão repassar o que eu lhes ensinei aos seus aluninhos. Meninas, você foram ótimas. Vou sentir saudades!!!
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